O período pós-parto é repleto de mudanças. Para algumas mulheres, ele pode trazer um desafio pouco falado: a incontinência fecal. É mais comum do que se imagina e, felizmente, tem tratamento seguro e eficaz quando abordada precocemente.
O que é incontinência fecal pós-parto
É a perda involuntária de gases ou fezes, ocasional ou frequente, após o parto. Costuma estar ligada a alterações do assoalho pélvico e/ou do esfíncter anal, que podem ter sido lesionados ou enfraquecidos na gestação e no parto especialmente em partos vaginais difíceis ou instrumentais (ex.: fórceps).
Principais causas
• Lacerações perineais (graus elevados) com lesão do esfíncter anal
• Episiotomia com cicatrização inadequada
• Partos múltiplos ou trabalho de parto prolongado
• Alterações neurológicas da inervação do assoalho pélvico
• Enfraquecimento muscular ao longo do tempo e constipação/diarreia associadas
Sintomas que merecem atenção
• Dificuldade para reter gases ou fezes
• Urgência evacuativa sem conseguir segurar
• Evacuação incompleta ou perdas após evacuar
• Alterações da sensibilidade anal
Esses sintomas impactam rotina, autoestima e vida social.
Não normalize: procure avaliação.
Como é feito o diagnóstico
O diagnóstico é clínico, com escuta acolhedora e exame físico. Exames complementares podem ser solicitados para direcionar o tratamento:
• Manometria anorretal – mede força e coordenação dos esfíncteres
• Ultrassonografia endoanal – avalia lesões musculares
• Ressonância pélvica – indicada em casos complexos ou dúvidas anatômicas
Tratamentos disponíveis (abordagem escalonada)
— Fisioterapia pélvica
Exercícios e técnicas específicas para fortalecer o assoalho pélvico e melhorar o controle do esfíncter. Excelente resposta em casos leves a moderados.
— Biofeedback
Treinamento guiado para reeducar percepção e coordenação dos músculos anorretais.
— Medicações e ajustes do trânsito intestinal
Uso direcionado para reduzir diarreia ou firmar o bolo fecal (p. ex., fibras solúveis), sempre com orientação médica.
— Neuroestimulador sacral
Opção para incontinência moderada a grave selecionada: estimula nervos sacrais, melhorando controle e urgência evacuativa. Avaliação criteriosa indica candidatas.
— Cirurgia reparadora
Indicada quando há lesões estruturais do esfíncter (p. ex., esfinteroplastia) ou falha das abordagens conservadoras. A técnica é definida caso a caso visando função e qualidade de vida.
Prevenção e autocuidado
• Pré-natal de qualidade e plano de parto discutido com a equipe
• Reabilitação pélvica precoce no pós-parto com profissionais especializados
• Alimentação equilibrada, fibras e hidratação para evitar constipação/diarreia
• Evitar sobrecarga física nas primeiras semanas e respeitar o tempo de recuperação
• Rotina intestinal regular (sem esforço e sem “segurar” evacuação)
Quando procurar ajuda
• Sintomas que persistem além das primeiras semanas
• Perdas frequentes, urgência incapacitante ou piora progressiva
• Dúvidas sobre retorno à atividade física/sexual e amamentação com uso de medicações
Avaliar cedo melhora o prognóstico e reduz o impacto emocional.
Isso melhora sozinho com o tempo?
Algumas mulheres melhoram, mas não conte apenas com o tempo. Avaliação e reabilitação aceleram a recuperação e evitam cronificação.
Posso tratar amamentando?
Sim. Há protocolos seguros para quem amamenta. O médico ajusta medicações e prioriza fisioterapia/biofeedback.
Exercícios de Kegel ajudam?
Podem ajudar, mas o ideal é fisioterapia pélvica guiada, que personaliza exercícios e trabalha coordenação, força e resistência.
Existe cura definitiva?
Muitos casos têm excelente resposta com medidas conservadoras. Em lesões estruturais, cirurgia e/ou neuroestimulação podem restaurar controle e qualidade de vida.
Conclusão
A incontinência fecal pós-parto tem solução. Com acolhimento, diagnóstico correto e tratamento adequado, é possível retomar o controle, o conforto e a autoconfiança. Se você vem enfrentando esses sintomas, procure um coloproctologista de confiança.
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