O assoalho pélvico é uma estrutura muscular, contida dentro da pelve óssea, a famosa “bacia”, com importante função na manutenção da continência anal e influência na defecação, sendo que a disfunção nessa estrutura tão peculiar, seja por motivos funcionais, anatômicos e/ou neurológicos acarretam em morbidades com significativo impacto social, emocional, psicológico e econômico, sendo consideradas anormalidades do assoalho pélvico a incontinência urinária, prolapso de órgãos pélvicos, incontinência anal, disfunção evacuatória e desordens sexuais.
Qual é a função do Assoalho Pélvico?
Ele deve suportar os órgãos pélvicos e abdominais em suas posições de repouso contra a ação da gravidade, responder ao aumento da pressão intra-abdominal durante as situações de esforço (ex: tosse, espirro, risada), prover a continência urinária, fecal e de flatos e ser apto para realizar as funções de micção, de evacuação, de função sexual e o do parto, no caso de mulheres.
Os distúrbios da evacuação, seja a Incontinência Anal (IA) ou a Constipação Intestinal Crônica (CIC), representam alterações do assoalho pélvico bastante frequente na população em geral e mais comumente naqueles com fatores de risco, ou seja, idosos, mulheres com passado obstétrico, comorbidades (como esclerodermia, hipotireoidismo, diabetes mellitus), antecedente de radioterapia pélvica, pacientes acamados ou com déficits de locomoção, história de cirurgias orificias, uso crônico de analgésicos, opióides e medicamentos psiquiátrico, dentre outros.
A incontinência anal é definida como a passagem involuntária de fezes ou flatos pelo ânus por pelo menos um a três meses em pessoas com mais de 4 anos de idade e que previamente apresentavam controle esfincteriano adequado. Apresenta uma incidência bastante variável e dependente fundamentalmente da idade da população de estudo, de tal forma que a incidência oscila entre 1,4 a 18%, com média geral de 2 a 8,4%.
Já a constipação intestinal crônica (CIC) ou prisão de ventre é um dos transtornos gastrointestinais funcionais mais comuns com elevada prevalência na população, acometendo 16% dos adultos e 33% daqueles maiores que 60 anos de idade, notadamente o sexo feminino com prevalência de 2:1 quando comparado com o sexo masculino. Ademais, a ocorrência de constipação intestinal severa, ou seja, menos de duas evacuações por mês é praticamente uma exclusividade do gênero feminino.
PRINCIPAIS FATORES DE RISCO PARA INCONTINÊNCIA ANAL (IA)
-Idade
-Menopausa
-História obstétrica, incluindo o número de paridade, via de parto, peso do feto, uso de Fórceps, episiotomia e laceração perineal
-Passado de cirurgias orificiais como hemorróida, fissura anal, fístula anorretal, dentre outras
-Radioterapia pélvica
-Comorbidades (doenças): diabetes mellitus, esclerodermia, doença de Parkinson, etc..
-Tabagismo
-Aumento da pressão intra-abdominal
-Obesidade
-Doenças do tecido conjuntivo
-Uso de medicamentos tais como Metformina, Orlistat, etc..
-Diarreia crônica
-Intolerância alimentar
PRINCIPAIS FATORES DE RISCO PARA CONSTIPAÇÃO INTESTINAL
-Sexo feminino
-Envelhecimento/idosos
-Depressão
-Inatividade física
-Baixa ingestão calórica e de fibras
-Quantidade e tipo de medicações recebidas: antidepressivos, antiepiléticos, anti-histamínicos, anti espasmódicos, bloqueadores de canal de calcio, diuréticos, opiáceos, antiácidos, suplementos de cálcio e ferro, antiinflamatório não hormonais
-Cirurgias prévias: abdominal, histerectomia, etc..
-Comorbidades (doenças): osteoporose, hipotireoidismo, sequelas neurológicas, doença de Parkinson, neuropsiquiátrica, etc..
Tanto para pacientes com incontinência anal quanto constipação intestinal a realização de um correto diagnóstico e solicitação de exames complementares para adequada conduta é fundamental a consulta à um médico especialista.